Feminismo

Creio poder definir feminismo, em filosofia, como o estudo do status da mulher na sociedade quanto a seus direitos e deveres, e do papel social que lhe é adequado. Como Ser que é, a mulher, como todos os seres, tem os seus predicados. E lhe é adequado e normal aquilo que condiz de modo lógico  – por necessidade lógica – com esses predicados.
Até o início do século XX, cabia inquestionavelmente à mulher ocupações relacionadas, direta ou indiretamente, à maternidade, ou seja, amamentar os recém-nascidos e alimentar e educar as crianças, o que implicava no estafante trabalho de cuidar da casa. Ao homem, cabia prover a alimentação da família com seu trabalho, e ir todo o ano à guerra na qual perdia a vida (havia centenas de ducados, principados, etnias, etc. continuamente em conflito entre si), ou da qual retornava mutilado.
Esses eram, à época, papeis normais e adequados a ambos, a mulher e o homem, física e mentalmente.
Essa posição do homem e da mulher foi sempre aceita como resultado de um consenso natural, da mesma natureza do consenso que, no entender dos filósofos, levou à constituição e estruturação da sociedade com um governo que lhe garantiria  justiça e proteção contra o inimigo. O consenso social em relação ao status da mulher estabelecia sua responsabilidade social segundo as responsabilidades imanentes a seus predicados de maternidade e sentimento inato de amor e proteção dos filhos.
No último terço do século XIX e no século XX, o grande progresso tecnológico veio alterar um status milenar.Ao mesmo tempo, a expansão econômica que acompanhou a modernização tecnológica contribuiu para trazer a mulher a novas atividades, por necessidade de mão de obra.
Mas a quebra daquela delimitação das funções, que era precisa e de longo tempo aceita, não foi vista por todos como devida naturalmente à modernização do trabalho tanto doméstico como assalariado. Muitos viram na pretensão feminista uma descaracterização do Ser feminino, uma masculinização, como se a mulher pretendesse exibir predicados masculinos, repudiando os femininos. Por essa razão foram necessárias árduas campanhas em favor de uma nova mentalidade – para que a mulher pudesse ter o novo status que aspirava – e ainda se batalha para que receba o salário justo pelo seu trabalho.
Os movimentos feministas prosseguiram com energia ao longo de todo o restante do século XX. A campanha pelo direito de votar fora uma causa legitimamente feminista, respectiva ao status social da mulher, porém o movimento assumiu várias campanhas que diziam respeito à mulher, mas que não tinham objetos legitimamente feministas, por não afetarem apenas – nem principalmente – os interesses femininos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário