Preconceito

Um preconceito sempre tem origem social - em geral, numa violência social. O preconceito racial contra os negros, ainda hoje existente, nos serve como exemplo disto. Ele se origina durante o período escravista, na violenta relação entre o opressor branco e o escravo negro. Se torna preconceito de raça quando os brancos, vendo constantemente os negros numa posição socialmente subalterna, se esquecem do que um dia fizeram contra estes, perdendo de vista, portanto, a genealogia desta desigualdade. E aí faz-se a distorção: se boa parte dos negros moram em favelas e boa parte dos brancos possuem melhores condições de moradia, dentre outras coisas, isso se deve pura e exclusivamente à uma questão de competência destes e incompetência daqueles - eis o erro. A melhor forma de combater um preconceito, então, é expondo a sua raiz - porque se a escravidão for escancarada como a grande responsável pela difícil situação social de muitos negros hoje em dia, e é, cai por terra o argumento racista
A utilidade social da filosofia é justamente a de se contrapor à tudo isso, e representar um pedido de atenção e de calma numa contemporaneidade que se caracteriza pela dispersão e pelo corre-corre. A filosofia questiona os juízos apressados. O filósofo é aquele que nos propõe o desafio de reexaminarmos nossos achismos - o que pode ser irritantemente difícil, incômodo, à medida em que o achismo não é uma construção reflexiva do indivíduo, mas sim uma opinião inconscientemente consumida numa sociedade que, tornou mercado até mesmo sua consciência moral. Nesse sentido, a filosofia se posiciona não apenas contra o preconceito direcionado à ela mesma, mas contra toda e qualquer espécie de preconceito que possa existir.   










Por: Júlia Leite 

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